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"Conheça a cultura do amendoim e os importantes benefícios deste alimento para sua saúde"

Atualizado: 31 de dez. de 2023


colhendo amendoim

Figura 1. Cultivo de amendoim.


TÓPICOS

*A cultura do amendoim

*Classificação botânica

*Funções nutricionais no organimo

*Tabela de composição nutricional

*Referências científicas



A CULTURA DO AMENDOIM


A cultura do amendoim (Arachis hypogaea L.) é praticada em extensa área do Brasil, para diversos fins, como produção de óleo e consumo alimentar, dos grãos in natura ou na forma de pastas. Similarmente à soja, o amendoim é classificado como uma planta leguminosa (família botânica Fabaceae), cujas sementes concentram elevadas quantidades de óleo. Assim, o amendoim é também uma oleaginosa (Pedroso, 2018).

 

O amendoim (Arachis hypogaea L.) (Figura 2) é uma planta originária da América do Sul, sendo o gênero Arachis presente em mais de 80 espécies botânicas. Há, no Brasil, diversas espécies silvestres, cultivadas pelos indígenas antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus no final do século XV. A maioria das espécies do gênero Arachis apresenta folhas compostas (como a soja e o feijoeiro), porém possuem quatro folíolos. Além disso, sua identificação é favorecida pela presença de uma estrutura na base da flor, chamada de ginóforo (ou, mais popularmente, de esporão) (Pedroso, 2018).


Planta de amendoim

Figura 2. Planta de amendoim.


O amendoim é uma planta de ciclo de vida anual e ciclo de assimilação de carbono do tipo C3 (TAIZ et al., 2017), da família botânica Fabaceae. Plantas dessa família são chamadas comumente de fabáceas ou leguminosas (Leguminosae era o antigo nome desta família botânica) devido à produção de frutos típicos, conhecidos por vagem ou legume. A família Fabaceae possui enorme importância ecológica, social e econômica no mundo e engloba mais de 19.000 espécies vegetais, como a soja, o feijoeiro, a ervilha e a lentilha, dentre muitas outras. Há uma espécie nativa do cerrado brasileiro muito semelhante ao amendoim, por isso chamada de amendoim-forrageiro (Arachis pintoi Krapov. & W. C. Gregory) devido ao seu ciclo perene, aptidão para uso em pastagem tropical e produção de forragem para alimentação de ruminantes e outros animais (Pedroso, 2018).


CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA


A seguir, apresentamos a classificação botânica do amendoim (ArachishypogaeaL.), eudicotiledônea de grande importância que faz parte do gosto brasileiro por petiscos, pastas e doces, como a paçoca.


„ Reino: Plantae

„ Divisão: Magnoliophyta

„ Classe: Magnoliopsida

„ Ordem: Fabales

„ Família: Fabaceae

„ Subfamília: Papilionoideae

„ Tribo: Dalbergieae

O maior produtor mundial de amendoim é a China, país em que se cultivamanualmente mais de quatro milhões de hectares. O Brasil produz amendoim em duas safras, que totalizaram uma área de 129,3 mil hectares em 2016/17 (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2018), ou seja, muitas vezes inferior à chinesa, e ocupa a décima sétima colocação entre os maiores produtores. Dentre os cinco maiores produtores no mundo, encontram-se, ainda, Índia, Nigéria, Estados Unidos da América e Myanmar (EMBRAPA, 2014). A primeira safra é a principal no Brasil e corresponde a 91,5% da área totalcultivada (Figuras 2 e 3). A produtividade média brasileira na safra 2016/17 foi maior do que aquela verificada na soja e muito superior à do feijoeiro, estando em 3.709 kg/ha na primeira safra e 2.494 kg/ha na segunda. Quando combinadas e considerando-se que a área em primeira safra corresponde a mais de 90% do total, a produtividade média nacional é de 3.606 kg/ha, para uma produção total de 467 mil toneladas (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2018).


FUNÇÕES NUTRICIONAIS NO ORGANISMO


As sementes de amendoim têm aproximadamente 22 a 30% de proteína bruta (Patee e Young, 1982; Settaluri et al.,2012) e são uma ótima fonte vegetariana de proteínas e gorduras saudáveis. No entanto, nos anos passados, amendoins e nozes eram percebidos como um alimento não saudável devido ao seu alto teor de gordura de ≥ de 50% p/p (Zhao et al., 2012). Estudos de pesquisa atuais demonstraram que a inclusão dietética de amendoim e nozes tem sido associada à redução de doenças cardíacas (Jones et al., 2014), certos tipos de cancros (Gonzalez e Salas-Salvadó, 2002) e melhor controle de peso (Moreno et al., 2013). Um estudo publicado no New England Journal of Medicine relatou que comer nozes diariamente pode reduzir a morte por doenças cardíacas em 29%, e mesmo comer amendoim apenas duas vezes por semana pode reduzir o risco em 24% (Bao et al., 2013). Outros estudos demonstraram que o consumo regular de amendoim ajuda a diminuir a pressão arterial em indivíduos hipertensos com redução significativa da pressão arterial diastólica (Jones et al., 2014).


Em paralelo, quatro grandes estudos epidemiológicos (Adventist Health Study, Iowa Women's Health Study, Nurses' Health Study e Physician's Health Study) examinaram o efeito do consumo frequente de nozes (nozes e amendoim) no risco de doença cardíaca coronariana e isquêmica. O Estudo Adventista de Saúde (Fraser et al., 1992) demonstrou que indivíduos que consumiram nozes mais de quatro vezes por semana experimentaram significativamente menos eventos relacionados à doença cardíaca coronariana e menos eventos definitivos fatais relacionados à doença cardíaca coronariana (Francisco e Resurreccion, 2008). O Nurses' Health Study mostrou que as mulheres que consumiram mais de uma vez nozes por semana tiveram um risco significativamente menor de doença cardíaca coronariana total em comparação com as mulheres que consumiram menos de uma onça de nozes por mês (Hu et al., 1998). Da mesma forma, o Iowa Women's Health Study demonstrou que o consumo regular de nozes reduziu significativamente o risco de mortes relacionadas à doença cardíaca coronariana em mulheres na pós-menopausa (Ellsworth et al., 2001). Além disso, o Physician's Health Study (Albert et al., 2002) relataram que as mortes relacionadas a eventos cardíacos foram significativamente reduzidas em indivíduos que consumiam castanhas regularmente (nozes e amendoim). Assim, hoje a imagem geral e a percepção do consumidor de amendoim mudaram de um alimento denso em energia para um item alimentar benéfico associado a melhores benefícios para a saúde.


O amendoim pode ser consumido cru, cozido ou torrado e é amplamente utilizado para preparar uma variedade de alimentos embalados (manteiga de amendoim, doces, confeitos e salgadinhos) e é usado como um extensor de proteína em países em desenvolvimento.



TABELA DE COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL



Tabela 1. Amendoim, grão, cru. Composição nutricional por 100 gramas de alimento: Centesimal, minerais, vitaminas e colesterol. (TACO e TBCA).


Umidade (%)

Energia (kcal) (kJ)

Proteína (g)

Lipídeos (g)

Colesterol (mg)

Carboidratos (g)

Fibra Alimentar (g)

Ácidos graxos saturados (g)

6,4

(kcal 544) (Kj 2276)

27,2

43,9

0

12,3

8

8,7

Ácidos graxos monoinsatu-rados (g)

Ácidos graxos poliinsatu-rados (g)

Ácidos graxos trans (g)

Cinzas (g)

Cálcio (mg)

Magnésio (mg)

Manganês (mg) 

Fósforo (mg) 

17,2

16,2

NA

2,2

Tr

171

1,96

407

Ferro (mg) 

Sódio (mg) 

Potássio (mg) 

Cobre (mg) 

Selênio (mcg) 

Zinco (mg) 

Tiamina (B1) (mg) 

Riboflavina (B2) (mg) 

2,5

Tr

580

0,78

NA

3,2

0,1

0,03

Niacina (B3) (mg) 

Piridoxina  (B6) (mg)

Cianocobala-mina (Vitamina B12) (mcg)

Vitamina C (mg)

Vitamina A (RE) (mcg)

Vitamina A (RAE) (mcg)

Alfa-tocoferol (Vitamina E) (mcg)

Vitamina D (mcg)

10,18

0,76

0

Tr

NA

0

7,84

0

***Abreviações: g: grama; µg: micrograma; kcal: kilocaloria; kJ: kilojoule; mg:miligrama; NA: não aplicável; Tr: traço. Em relação a quantidade traço, destina-se a valores bem pequenos, como nanograma.


REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS


PEDROSO, Rafael. Leguminosas e oleaginosas. Porto Alegre – RS: SAGAH, 2018. 366 p.


TAIZ, Lincoln; ZEIGER, Eduardo; MAX MØLLER, Ian; MURPHY, Angus. Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal. 6a Edição. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 858 p.


COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, v.5, safra 2017/18, n.10 – décimo levantamento, jul. 2018. Disponível em:


EMBRAPA. Tecnologia de produção de soja – Região Central do Brasil 2014. Londrina: Embrapa Soja, 2013. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/95489/1/SP-16-online.pdf>. Acesso em: 28 dez. 2023.


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TACO. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Versão 4. Unicamp, São Paulo, 2011. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada.pdf. Acesso em: 28/12/2023.


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